
O título e a linha fina da edição carregam um tom de dualidade.
Mas, sem muito suspense, logo de cara, já dou o papo: a newsletter deve seguir viva em 2024.
É claro que, como sempre digo, esse é um projeto cujos pneus vão sendo trocados com o carro em movimento. Então, pra incorporar o modo musical do Fernando (você já viu a história dele, né?), é sempre possível que:
“Nada do que foi será
de novo do jeito que já foi um dia
tudo passa, tudo sempre passará
A vida vem em ondas
como um mar
num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
igual ao que a gente viu há um segundo
tudo muda o tempo todo no mundo (Lulu Santos - Como uma onda)
Mudanças são importantes, embora creia que, de modo geral, a news esteja na prateleira de um time que está ganhando — a ver o que virá futuramente.
Não tenho a audiência de grandes criadores/escritores/produtores de conteúdo, mas tenho certeza que, a algumas pessoas, em algum momento, consegui proporcionar ao menos uma fagulha de reflexão por meio das minhas palavras.
E como “falei” através delas esse ano, hein. Nem eu havia me dado conta da dimensão. Foram 40 edições entregues em 2023. Entre trampos e freelas, atividades físicas e domésticas, e demais corres da vida, tenho feito meus malabarismos na busca de entregar o melhor possível a você, seja na caixa de entrada do e-mail ou no próprio Substack.
Aliás, esse é um ponto a se pensar. Vivemos a era das métricas: “Escrevi 40 edições, “li mais de 20 livros, corri mais de 400 quilômetros no ano…”.
No punhado de 365 dias após 365 dias, insistimos na comparação com o nosso passado. Melhor do que comparar com outros, mas ainda assim preocupante.
Não me excluo desse (de)mérito, jamais teria coragem para tal hipocrisia.
O que esses dados verdadeiramente nos mostram? Evolução? Ou burnout, ansiedade, desgaste, produtividade excessiva? Fica aí a reflexão.
Tenho total certeza de que o grande desafio de nossos tempos é encontrar um ponto de equilíbrio às nossas vidas imersas na Sociedade do Cansaço. E, nesse sentido, me orgulho de ter compreensão sobre essa necessidade desde o fim de 2022, quando escrevi o seguinte na edição #31:
No próximo ano, tenho esperanças de novos desafios, sonhos e conhecimentos; novas portas, estradas e descobertas. Espero que esse sentimento te preencha também.
Dentro do possível, buscarei uma vida equilibrada, conciliando a necessidade de trabalho às outras preciosidades de uma vida terna: aquele sentir da água num mergulho em ondas que quebram; o observar das folhas caindo devagar num outono; o enxergar no passarinho que bate as asas bem rápido para tentar secar a água da chuva; o espiar no bolo que cresce no fogão e espalha amor em cheiro de fubá; não tornar invisível a fraternidade entre aqueles que compartilham o pouco que têm…
Apesar de compreender a necessidade de desaceleração pra construir uma vida mais valiosa, a aplicação é dificílima.
Tenho certeza que é assim por aí também. O capitalismo nos apresenta, dia sim, dia também, facas de dois gumes traiçoeiras prontas pra nos capturar.
Não à toa, torço pra contar com mais assinantes pagos pra tornar o projeto mais sustentável em termos de custo-benefício — #eutambémpagoboletos e #escrevernãoéummerohobby, risos.
Ah, eu nem serei louco de dizer que venceremos facilmente o tal do money talks — se nem Eduardo Marinho venceu, não ousarei.
Apenas peço passagem pra que reflitamos cada vez mais sobre nossos caminhos, escolhas, ganâncias e prioridades de vida [afinal, a simplicidade também tem muito valor].
Bom, sem estender demais, refletir é o que me proponho com frequência aqui. Portanto, se você acompanha e conseguiu ser provocado por alguma edição ao longo deste 2023, já valeu bastante a pena.
Só posso encerrar com um grandioso MUITO OBRIGADO pela paciência, pela leitura, pela atenção.
Esse projeto só existe porque minha cabeça encontra meus dedos, e, com palavras despejadas, eles encontram alguém disposto a fazer uma navegação através delas.
E olha, você merece os parabéns, porque meus mares nem sempre são os mais calmos. Mergulhá-los demanda marinheiros e marinheiras de coragem.
Então me diz: devo contar com você para novos mergulhos em 2024?
Esdras, boa tarde! Sou seu leitor há bastante tempo, mas é minha primeira vez aqui, comentando sobre suas palavras. Depois de ver o vídeo, tive a sensação de privilégio por ter cruzado com essa news durante esse ano tão díficil e desafiador pra mim. Estou a ponto de começar de fato meu próprio espaço de reflexões digitadas e a Vida Vivida já é uma das minhas boas inspirações. Em 2024, desejo prosperidade e mais sabedoria ainda em suas palavras e que traga prazer e satisfação a mais e mais pessoas que, como eu, possam ser tocadas e sensibilizadas. Sou do beijo e do abraço, então aqui vai um grande beijo e abraço pra vc! Vida longa às suas vívidas palavras, meu caro! Feliz 2024!
Manoel de Barros sabe das coisas né?!
Obrigada você por escrever, por criar as palavras para dizer de você e também de nós.
Feliz natal e um novo ciclo de paz!
Até breve!