Não há um denominador exatamente comum, mas é dito por aí que fazemos cerca de 35 mil escolhas por dia. A precisão do número, em si, não faz grande diferença. O que importa mesmo é trazer o tema “decisões e medos” à tona.
Nas últimas semanas, isso tem martelado minha cabeça. E é curioso porque quando a gente anda meio fissurado em algo, muitas marés parecem nos arrastar àquele lugar. Tipo quando estamos pensando em comprar, sei lá, um HB20 branco e tudo que passamos a ver circulando nas ruas são HBs 20 brancos.
Eu nunca escondi de ninguém que as decisões mais transformadoras que já tomei ao longo desses 29 anos foram acompanhadas de medo.
O medo de ir morar em outro país sem falar direito o idioma.
O medo de ser o pior repórter de TV possível.
O medo de palestrar depois de ter sido convidado pra isso.
O medo de participar da primeira corrida de rua.
O medo de aceitar ser um mentor de pessoas que curtiam minha escrita.
O medo de começar essa newsletter.
O medo de dar a cara a tapa e pedir que as pessoas investissem no projeto se acreditassem ser válido.
Isso só pra citar alguns exemplos.
Tem outros tantos no meio do caminho. E muitos que, pra o terror dos coaches motivacionais, o medo simplesmente me venceu antes de poder ser transformado a partir de uma decisão. O que também é parte de um processo de amadurecimento e construção de uma casca pra enfrentar as coisas da vida.
Mas, em meio a essas semanas de reflexão, tenho tentado internalizar um pensamento simples e que sustenta um elo à coragem.
Convenhamos: esse medo todo, que às vezes paralisa, em várias situações age como aquele boné e aquela camiseta que estendemos na maçaneta da porta e, de madrugada, simplesmente viram um monstro.
Ou seja, o medo, geralmente, é apenas uma grande ilusão criada por mentes que sabem ser traiçoeiras e autodestrutivas.
Porque no fim das contas, qual é a terrível consequência de uma decisão ou escolha que você toma? [essa é uma pergunta-chave pra gente ser mais corajoso(a)]
De modo prático, se elas estiverem em conformidade aos limites legais, não morreremos, não ficaremos doentes imediatamente, não seremos presos…
Então, o que de pior pode acontecer?
Quando criei essa newsletter e tive medo de monetizá-la: o que de pior aconteceria se ninguém quisesse pagar por curtir o meu conteúdo? Sentiria frustração? Provavelmente, mas não seria algo que me faria perder o sentido da vida.
Se desistisse sem tentar, não saberia que sim, existem pessoas que admiram minha entrega e são capazes de investir nisso.
Na primeira corrida de rua, se desistisse sem tentar, não teria descoberto o que é estar no segundo lugar do pódio na minha categoria logo numa estreia.
Se o medo de estar a um oceano de distância me vencesse, não teria vivido a experiência mais incrível da vida.
Agora, se tudo isso tivesse dado errado tentando, por exemplo, o que aconteceria?
Precisaria entender que a news ainda carecia de mais “peso/valor” a ponto de pagarem por ela: isso envolveria ajustá-la, refinar estratégias e assim por diante…
Teria de me dedicar e treinar mais — olha que simples (não confunda com fácil)
Arrumaria as malas e voltaria pra casa… (frustrante? sim! mortal? não!)
Essa reflexão me faz lembrar uma das cartas de Sêneca a Lucílio.
Da mesma forma, os obstáculos não retiram nada da virtude; não fica menor, mas simplesmente brilha com menos esplendor. Em nossos olhos, talvez seja menos visível e menos luminosa do que antes; mas, no que se refere a si mesma, é inalterada e, assim como o sol quando está eclipsado, ainda continua produzindo sua força, embora em segredo. Desastres, e portanto, perdas e ofensas, têm apenas o mesmo poder sobre a virtude que uma nuvem tem sobre o sol.
Na pior das hipóteses, pra encarar uma nuvem sobre o sol, a gente só precisa de uma fagulha de coragem pra atravessar os portões. Aí reduzimos a chance de se tornar covardes que morrem sem ao menos tentar, pra reproduzir a ideia do Brown nesses versos.
E, se quiser, a gente pode até recorrer à Clarice…
Parece que vou ter que desistir de tudo o que deixo atrás dos portões. E sei, eu sabia, que se atravessasse os portões que estão sempre abertos, entraria no seio da natureza (…)
Eu sabia que entrar não é pecado. Mas é arriscado como morrer. Assim como se morre sem se saber para onde, e esta é a maior coragem de um corpo. (Clarice Lispector - A paixão segundo G.H)
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😍 Como não amar esse Instagram?
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E mais…
Conheça essa ação para o mês da Consciência Negra:
🤔 Por que tudo precisa ser pra sempre?
por
“O que os outros vão dizer? Tanto faz. O que importa é o que você irá dizer para si mesmo.”
O Edu foi um dos HBs20 brancos que eu vi nas ruas dos meus pensamentos (oh, gostei dessa, hein?! hahahaha). A reflexão dele usa um termo que eu nunca tinha visto, a "semprerização”. Casa demais com a provocação dessa edição. Afinal, porque pensamos tanto sobre estarmos condenados a viver nossas decisões pra sempre? Essa máxima é mais uma das muitas peças autodestrutivas que nos habitam. O texto dele é incrível, vale demais a leitura.
👁️🗨️ De 1 a 10, o quanto dói?
por
“Será que existe uma lição nisso tudo? E mais: será que precisamos de lições para lidar com momentos difíceis? Becca se questiona: ‘Será que minha dor é significativa? Me concede acesso a algo transcendente? Ou só é degenerativa? Mas existem grandes artistas, filósofos, escritores e líderes que sofreram de dor ou doença crônica. A dor não é única, e o sofrimento é universal’.”
Essa edição de news da Clarissa também converge com o tema de hoje e preenche bem o circuito com um texto valioso.
⭐ Leitura bônus da edição:
Bella Arruda e Lori Sato escreveram um texto interessante sobre a legalidade do uso de memes
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⏳ Na próxima edição, teremos o segundo episódio de Histórias, nossas histórias. Será a vez de apresentar uma mulher que deixou o Direito para viver da roça. Hoje, conta com mais de 700 mil inscritos no seu canal do Youtube e até ninguém menos que Casimiro reage aos vídeos dela. Legal, né?! Não perca!
Agora, aquela despedida ao som de um som… 🎵🎙️
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Até logo! 😘
Obrigação pela citação, meu querido Esdras, e esse HB20 foi tudo de bom, hein? :)
Se esse texto fosse um sentimento, com certeza seria alívio.
Edição preciosa!