Leia a edição anterior: [ainda sabemos parar, observar?]
Durante todo o mês de março, a news conta com apoio do Espaço Humanamente, de Sorocaba, espalhando a importância de um olhar cuidadoso à saúde mental.
Chegamos, juntos, à 40ª edição. A felicidade é imensa! Bom, que tal apoiar o projeto de forma individual? Você pode participar do financiamento coletivo no apoia.se:
Agora, se gosta do conteúdo e prefere mais rapidez, também pode me fortalecer, no melhor valor ao seu bolso, por meio de pix para esdraspereiratv@gmail.com.

Me chateia (e até irrita, eventualmente) ser tão difícil colocar em prática a simplicidade que envolve a vida. Avaliamos muitos detalhes do nosso viver como complexos. Mas, vez ou outra, e vez também, a complexidade no entendimento do simples é que é assustadora.
A edição de hoje dirá muito sobre a dificuldade do viver o hoje. É a única coisa que sabemos e, mesmo assim, quem garante ser fácil internalizar essa verdade muitas vezes inconveniente?
Por que preciso colar uma folha sulfite com a frase “Amanhã é hoje” no meu quarto e mesmo assim esquecer esse lema com tanta frequência?
Miramos lá na frente sem saber que algumas gotas de água podem cair sobre a pista e mudar todo nosso destino.
Miramos lá na frente sem imaginar que em breve podemos cruzar o caminho de um ônibus em um lugar e na hora errada.
Miramos lá na frente sem descobrir antecipadamente que alguém pode alterar aquilo que nos estava predestinado, ou apenas consolidar essa predestinação não sabida — afinal, a vida nada mais é do que um livro cheio de páginas em branco ou invisíveis aos nossos olhos não tão poderosos assim.
Miramos lá na frente sem pensar que um dia, uma jovem de 25 anos cruza as catracas de um hospital com uma mera dor de cabeça e, dali em diante, só se tem uma certeza: ela nunca mais voltará para casa.
Por que é tão fácil e, simultaneamente, tão difícil, compreender que somos faíscas do tempo? Somos uma espécie de dente de leão sem a resposta de quando receberemos o último soprar até voarmos ao único lugar desconhecido por nós.
“O impacto de uma vida pode ser medido pelo que ela oferece e pelo que deixa para trás, mas também pode ser medido pelo que ela leva do mundo”, me ensina o marca-páginas da minha atual leitura: ‘Migrações’, de Charlotte McConaghy.
O que, então, levamos (ou levaremos) desse mundo, dessa vida? As projeções a longo prazo que fazemos dia sim, dia também? Ou o minuto que, agora, está diante de nós como uma ampulheta que se pode tocar com as mãos?
Dias atrás, ouvi uma história. Um homem que aguardava uma ação na Justiça e dizia aos amigos: “Quando essa ação sair, cara, minha vida vai começar”. A ação saiu, sabe? Mas ele havia morrido por Covid, pouco tempo antes do ganho de causa.
E assim costuma ser. Esperamos a ação para viver. Esperamos o salário do mês chegar para viver. Esperamos a sexta à noite, o sábado ou o domingo para sermos felizes. Esperamos as férias para entender o verdadeiro significado de alegria. Esperamos o dia em que todos possam se reunir. Esperamos a hora certa para dizer eu te amo. Esperamos tudo, sem lembrar que o tempo é irretornável.
Creio que, hoje, não há melhor forma de fechar a reflexão do que reproduzindo um trecho de um texto do professor, escritor e psicólogo manauara Sérgio Freire. É um resumo muito bonito, numa ótica do que vale a pena atribuir ao nosso viver:
“Porque a felicidade está em dividir momentos com quem se ama, em rir na mesa de um bar, em almoçar com os pais e irmãos, em ter histórias para contar. Está em caminhar descalço na areia numa quinta-feira, tomar sorvete com vento no rosto, brincar de Imagem & Ação com os amigos, levar +4 do UNO na fuça, tomar um café no meio da tarde. Está em uma conversa jogada fora no WhatsApp, em um beijo roubado consentido em horário comercial, em andar de mãos dadas numa praça na beira do mar. A paz de espírito se encontra em ler um livro sorrindo e se alongar na história quando acaba. A felicidade está no abraço gratuito de uma criança, na fugida do trabalho para ver a dancinha do seu filho na escola, no sair por aí sem rumo às vezes.”
🧭 Espaço Humanamente
O primeiro passo é fundamental: reconhecer que precisa de ajuda. Ir em busca de terapia, alguns costumam dizer, é um “ato de coragem”. Só que, assim como outros profissionais, de outras áreas, o paciente pode achar que o atendimento não está “encaixando”. Neste momento, é preciso ter paciência e tranquilidade para tomar decisões.
No Espaço Humanamente, por exemplo, as psicólogas estão à disposição para executar o melhor trabalho possível, mas sempre lembrando que ninguém está em uma prisão. A liberdade é uma das grandes dádivas do que se oferece no acolhimento que é feito, seja nos encontros presenciais ou virtuais.
Ouça o que dizem as psicólogas Aline Rosa e Beatriz Baltazar sobre a importância da honestidade na relação profissional-paciente:
#ParaOuvir 🎧
A troca de ideias entre o Brown e os dois caras referências em podcast no Brasil tá de alta qualidade. Um dia, confesso que até cheguei a questionar o “modelo” do PodPah, acreditando que faltava mais profundidade ao Igão e ao Mítico nas entrevistas. Mas esse era o meu viés de jornalista falando mais alto. Um amigo, também jornalista, fez um contraponto, dizendo que os convidados do PodPah não estão ali para serem entrevistados à moda antiga, e sim para baterem papo. Às vezes, aliás, isso até propicia um comportamento de mais naturalidade, fazendo com que boas falas/histórias surjam frequentemente. Depois desse “alerta”, concordei e não dá para negar: os dois estão entre os maiores comunicadores brasileiros da atualidade, sobretudo em termos de alcance — goste você ou não.
#NewsIndicaNews 📑
, do Neil Barraclough, é uma newsletter muito interessante. Desta vez, não vou recomendar uma edição específica -- vale que você dê uma bela fuçada por lá. Neil, como a descrição do projeto informa, "celebra o lugar da máquina de escrever na história e na cultura moderna". Nas edições, há boas passagens sobre a relação de vários autores renomados com as saudosas máquinas que antecederam os teclados de computadores. Um recado aos nossos impostores internos:
E mais…
Impossível ser triste vendo esse vídeo (parte I)
Impossível ser triste vendo esse vídeo (parte II)
Já que é pra ser feliz: hoje não vale ser triste (parte III)
Pra fechar, uma semana resumida em querer ser operário da Déia:


Já sabe como termina, né? 🎵🎙️
Essa semana eu venho muito numa levada Beatles, então…
Mais uma news que se vai…
Com base nos critérios de recompensa do financiamento coletivo mensal, meu agradecimento especial a:
Mariana Maginador, Rafael Vieira, Camila Laister Linares, Bruno Rodrigues, Carol Magnani, Adelane Rodrigues, Rogeria Portilho, Lucas Pereira, Welliton Nascimento e Beatriz Souza.
Até semana que vem! 😘
¡Muchas gracias por la recomendación! 🙌