#39 - Vida Vivida [ainda sabemos parar, observar?]
Nesta edição, um reencontro que me faz feliz...
Leia a edição anterior: [descobrindo melhor o que é ser grande]
Adivinha quem voltou? Se você é assinante raiz, vai se lembrar que o Espaço Humanamente, de Sorocaba, já havia apoiado Vida Vivida nas seguintes edições: #7, #8, #9 e #10. Neste mês de março, estamos juntos novamente, espalhando a importância de um olhar cuidadoso à saúde mental. Se ainda não conhece, tenho certeza que vai gostar desse encontro!
Se quiser apoiar o projeto de forma individual, você pode participar do financiamento coletivo no apoia.se:
Agora, se gosta do conteúdo e prefere mais rapidez, também pode me fortalecer, no melhor valor ao seu bolso, por meio de pix para esdraspereiratv@gmail.com.

Não vem: eu sei que você já chegou a um destino sem nem saber direito quantos sinais vermelhos, laranjas ou verdes estavam no caminho; ou quantos artistas de rua se apresentaram diante de seus olhos; ou quantas vezes precisou trocar de marcha. Isso para dizer o mínimo.
Pois é…
Tenho a impressão de que dirigir no tal do piloto automático é um reflexo da vida que temos levado. Me senti assim no sábado passado, enquanto seguia ao trabalho. De um jeito meio aleatório e curioso, me lembro de, prestes a fazer uma curva, olhar para o céu e ver aquele amontoado bonito de nuvens.
Aquela imagem me paralisou por alguns segundos, mas, me concentrei para conseguir dar conta de dois movimentos: continuar admirando aquela beleza toda e, simultaneamente, virar o volante do carro.
Olhando aquela branquitude, despertei a criança do passado, que gostava de criar personagens ou adivinhar o que estava desenhado no céu de algodão. Lembrei-me, também, do mestre Manoel:
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakoviski -- seu criador.
Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal. (Manoel de Barros)
E me peguei pensando: quando foi a última vez que dediquei um tempo a parar e observar a vida em câmera lenta? Quantas vezes você foi capaz de escapar do ritmo alucinante e simplesmente fotografar o que te cerca com seus próprios olhos?
O pior é que tive dificuldade de lembrar. E olha que me considero observador, hein. Mas percebo que, cada vez mais, queremos prestar atenção em tudo ao mesmo tempo, de preferência em velocidade 2x, como se a vida se pudesse ser um áudio acelerado de WhatsApp.
E o resultado é traiçoeiro: a missão é falha porque, querer abarcar o todo é, na verdade, abraçar (quase) nada, sobretudo neste mundo em que fitamos boa parte das coisas usando mais uma câmera de celular do que nossas dádivas apelidadas de olhos.
Parecemos estar tão frenéticos na corrida por tudo, que o tempo aparentemente ruge num tiktaka mais acelerado do que já foi um dia. E olha que Cazuza já antecipou bastante a máxima de que O Tempo Não Para, não é mesmo,
?Precisamos olhar com mais calma para fora, assim também enxergamos mais nosso interior. Se os olhos não funcionam àquilo que está do lado de fora, o que dirá do lado de dentro? Viver a vida na integralidade demanda bem mais calma na alma, observação, preenchimento com detalhes.
Outro mestre, Rubem Alves, também ensina muito:
Os olhos são as lâmpadas do corpo. Quando a luz dos olhos é colorida, o mundo vira um arco-íris.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem... O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
🧭 Espaço Humanamente
Elas formam um timaço: 12 psicólogas fazem parte do Espaço Humanamente, em Sorocaba. E esse trabalho tem se consolidado desde 2018, com a idealização da psicóloga e psicanalista Laurian Prado. Os atendimentos podem ser presenciais ou virtuais. Quando a pessoa opta pelo encontro físico com alguma das profissionais, acontece em uma casa ampla e acolhedora, na rua João dos Santos, 541, no Jardim Santa Rosália.
Entre os principais objetivos, está o de quebrar uma espécie de visão bastante formal de “consultório de psicologia”. Além, é claro, de pautar o trabalho com base em um espaço pluralizado, para abraçar todas as pessoas que precisarem de acolhimento, independentemente de gênero, cor, raça, crenças, personalidade, angústias, frustrações e incertezas.
Você tem dúvida se precisa de terapia, ou do que é de fato a busca por saúde mental? Ouça o que dizem as psicólogas Juliana Isquierdo e Giovanna Rodrigues, do Espaço Humanamente:
#ParaLer 📚 📚 📚
Na edição de hoje, não poderia indicar algo mais adequado. Foi minha primeira leitura do ano e considerei muito simbólica, pois representa um retrato de que a terapia e a busca por manutenção da saúde mental continuam em minha vida. A Lori tem uma abordagem muito boa e o livro é instigante.
#ParaOuvir 🎧
O Foro de Teresina, da Piauí, é meu podcast preferido de política/assuntos nacionais. O da última semana me chamou a atenção sobretudo no primeiro bloco, ao repercutir a tristeza do que aconteceu no litoral norte paulista. José Roberto de Toledo trouxe uma didática sobre o assunto que ainda não havia visto em outros lugares.
#NewsIndicaNews 📑
O nome da news do Marcos Candido,
, é apenas para pregar peças. Afinal, o trabalho dele é ouro demais e vale ser conferido. Neste texto, meu colega, operário formado no mesmo ofício, traduz muitos dos pensamentos que me arrebatam enquanto jornalista.Um lembrete:
E mais…
O texto de Antonio Prata que vale ouro (ba-dum-ts)
Se uns não têm nada, outros vivem essa imagem
Quando você achar que carrega inseguranças…
O amor, ahhh, o amor
Phelps in love with Magalu (what???)
A sexta que deixa o povo maluco:
Já sabe como termina, né? 🎵🎙️
Larga o dedo no play
Mais uma news que se vai…
Com base nos critérios de recompensa do financiamento coletivo mensal, meu agradecimento especial a:
Mariana Maginador, Rafael Vieira, Camila Laister Linares, Bruno Rodrigues, Carol Magnani, Adelane Rodrigues, Fátima Castanho, Rogeria Portilho, Lucas Pereira, Welliton Nascimento e Beatriz Souza.
Até semana que vem! 😘
Coisa linda, meu caro, e obrigado pela citação! Vamos que vamos! 🙌🏻