Vida Vivida
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#10 - Vida vivida [cinco décadas]
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#10 - Vida vivida [cinco décadas]

É dia de uma grande protagonista...
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À esquerda, quem me deu a vida; à direita, quem deu a vida a ela. | Foto: Arquivo Pessoal

Era um sábado. Alguns acontecimentos pelo planeta. O tempo não para, bem refletia Cazuza em versos cantados. 

Naquele sábado, a principal notícia na capa de O Estado de S. Paulo ficava apenas no campo da especulação. O jornal informava que o presidente brasileiro Emílio Médici mandara a terceira carta ao presidente americano Richard Nixon. Os escritos de cunho pessoal daquele que comandou um dos governos mais repressivos do País foram entregues pelo ministro Delfim Netto, em visita à Casa Branca. 

Na reportagem, tom misterioso. Ninguém no Planalto confirmava o teor do documento. Interlocutores limitavam-se a dizer apenas que tratava-se de uma resposta a uma outra carta, escrita há pouco mais de um mês por Nixon com destino a Médici. 

Também naquele sábado, vinha ao conhecimento do público o sequestro do gerente da United Press International, Hector Menoni, em Montevidéu. A Organização Popular Revolucionária, OPR 33, reivindicou o crime. À época, Menoni era o quarto jornalista sequestrado pelas organizações terroristas uruguaias. 

Outro assunto importante do dia foi a paralisação geral nos portos de Londres, por causa da greve dos estivadores britânicos. 

Nenhuma notícia, no entanto, era tão importante quanto uma que infelizmente sequer ganhou o rodapé da capa do Estadão. Que lástima. Nenhum repórter do jornal apurou, em 29 de julho de 1972, o nascimento de alguém que encantaria e faria tanta diferença a muitas vidas com o passar dos anos.

Tudo começou em um sítio da pequena Guareí, no interior de São Paulo. A segunda benção na linhagem de Nair e Rubens. Silvana, a dona dos cabelinhos claros quando criança. Os olhos azuis inconfundíveis viam e temiam as enchentes que precisava enfrentar logo tão pequena.

Os passos descalços na estradinha de terra. Quilômetros a fio. Sol a pino sem chinelos ou qualquer calçado, queimando as solas de pés que já precisavam ser firmes para sustentar uma vida de caminhos duros feito o chão batido. Se a professora perguntava, dizia ter esquecido os sapatos enquanto tentava esconder um pouquinho da realidade de uma vida humilde.

Os pés calejados a mantinham pelas estradas da vida menina e no sítio, para ajudar nas atividades domésticas. Até mesmo para criar suas próprias tarefas, pois ali começava um ofício mesmo sem saber. Há alguns bons anos, ainda restavam as marcas pretas com algumas palavras nas paredes que viraram lousa. A casinha simples era a sala de aula da criança educadora de seis irmãos. No futuro, as palavras dariam vez aos mapas, à geografia.

Muita água passou debaixo da ponte, literalmente. Amores, decepções, traumas… O corpo com algumas marquinhas brancas de vitiligo indica uma vida de emoções que, às vezes, foram incontroláveis. Os dias difíceis vinham feito barragens em capacidade máxima, onde não havia como escoar tanto choro. Mas dizem que a tristeza dura uma noite e a alegria pode vir pela manhã. E essa tem sido uma nova fase de sua vida. Uma ótima etapa, por sinal.

Observo mais sorrisos em seu rosto. Observo mais brilho no olhar reluzente feito mar caribenho. Observo ganas por viver. E agradeço por testemunhar e fazer parte de um caminho tão lindo.

É uma história que poderia virar documentário, livro, um roteiro recheado de causos. Mas, sinceramente, hoje prefiro poupar um pouco das palavras escritas e viver mais intensamente o 29 de julho, de pertinho. 

Neste dia, há 50 anos, nasceu aquela que me traria à vida. Neste dia, nasceu a pessoa que passei a admirar e respeitar desde que entendo melhor sobre as coisas do mundo. 

No início da semana, ela estava toda ansiosa organizando para celebrar as cinco décadas de experiências. E me confidenciou estar vivendo um de seus melhores momentos. Mais equilibrada e mais alegre. “Tenho agradecido tanto a Deus”, é uma das frases bonitas que costumam sair de sua boca. Hoje e sempre, sou eu quem agradeço tanto por sua vida.

O melhor de tudo: agora, enquanto meus dedos batem no teclado, está bem ali na frente. Mal imagina que o barulho das teclas é uma sinfonia de agradecimento pela história dela. 

Obrigado por existir, mãe. E tenho certeza que, assim como eu, há muita gente por aí agradecendo por sua vida. Não fosse você, não sei o que seria de mim. És gigante.

Feliz aniversário! ❤️​


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Bits to Brands #174 | O Instagram acabou
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Mãe foi mãe aqui, bem clubista, coruja. Sem saber para que seria quando perguntei, ela escolheu um texto escrito por mim e publicado no meu livro ‘Vida Vivida’. O nome dele é ‘A lição das amoras’.
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