Vida Vivida
Vida Vivida
#13 - Vida Vivida [lugares]
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#13 - Vida Vivida [lugares]

Quanto de mim é história?
Antes do texto do dia, reflita:
Por que ter preocupação com inimigos se, na maioria das vezes, somos os maiores impostores de nós mesmos?

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Foto: Arquivo Pessoal

Essa semana bateu saudade dos lugares que já passei e de histórias vividas em alguns cantos desse mundo. O saudosismo foi chamuscado por um texto da newsletter do Lucão, contando muito sobre o sentimento reverberado pelas passagens dele pelo Caminho de Santiago. 

Às vezes penso: as fronteiras poderiam ser menores, as distâncias não tão grandes, o dinheiro mais abundante, para que pudéssemos conhecer muito mais ao redor do globo. Infelizmente, haverá um bocado de pedacinhos desconhecidos, alcançáveis apenas no observar dos mapas – se é que isso ainda é feito em tempos um tanto quanto digitalescos.

É tão bom fechar os olhos e ter a capacidade de percorrer terrenos que já estivemos. No campo da imaginação, se ela for bem trabalhada, isso também se torna possível até para onde jamais cravamos nossos pés. 

É verdade que perdemos muito dessa habilidade na vida adulta cheia de responsabilidades. Mas se nos guiarmos atrás da criança de um dia, teremos mais êxito na empreitada.

Quero fechar os olhos neste texto e passear. Te convido ao passeio também. Aqui, escolho visitar o que já conheço, mas seus olhos entreabertos para a leitura e fechados para a viagem podem te guiar por rumos nunca antes habitados. 

Começo a viagem por uma saudade recente. As ruas agitadas do centro de Cartagena, na Colômbia. As vias curtinhas de Getsemani têm cores radiantes, combinando com o calor dos colombianos. O pôr do sol mais bonito que já assisti – sim, verbo assistir pois é contemplação – está ali naquela cidade. 

Saio do calor e compro minha passagem abstrata para o frio de Dublin, na Irlanda. Lembro até hoje dos meus primeiros passos no local mais inesquecível de toda a vida. Um jovem, todo cru, vivendo um livro da vida real todos os dias, uma trilha de seu próprio romance de formação, durante oito meses. Quando os olhos se fecham, ainda me levam para casa, para a escola, aos parques, às noites iluminadas de agitação, muita cerveja, cidras perigosas e espaço de sobra para grandes aventuras.

Quando revisito Edimburgo, na Escócia, meus pés pedem firmeza para caminhar de cima a baixo, como havia feito. Um castelo imponente. Uma colina íngreme à direita do parlamento escocês – haja disposição para desfrutar daquela linda vista. 

Me doem as lembranças de Auschwitz, na Polônia, quando chorei principalmente em frente ao muro das execuções de judeus. Mas a Polônia também me fez rir muito com os amigos, nas ruas centrais de Cracóvia. 

De Budapeste, na Hungria, não posso me esquecer do escurecer movimentado, com direito a mulheres e homens performando quase nus em bares a portas abertas. Ao lado, na Eslováquia, Bratislava me surpreendia com céu aberto e um hostel que se tornou mais abrasileirado do que nunca. De Viena, na Áustria, não tenho tanta saudade, apesar de ser uma das cidades mais glamorosas e belas já notadas pelos meus olhos. O prejuízo por uma tentativa de “jeitinho brasileiro” ali foi dos grandes. A seguir, a imponência e o ar clássico de Praga, na República Tcheca, com direito a um castelo também emblemático.

Ainda teve espaço para as belezas impagáveis de Paris. Dinheiro escasso e muita sangria em frente à torre mais bela de todos os tempos. Londres com mais sangria num bar cubano e boas doses de caminhada às margens de um furacão que poderia dar as caras na volta à terra dos Leprechauns. Teve Newcastle. Teve Manchester, a terra do futebol. 

Inúmeras histórias ao redor do planeta. E o melhor: histórias recheadas de pessoas. De amizades, longas ou efêmeras; amores passageiros; beijos de bocas que nunca mais vão se encontrar; abraços em braços que não se cruzarão mais. Vida preenchida por intensidade.

Gosto de contar minhas histórias. Fico pensando, assim como o Lucão… Lembro bem dos personagens dessas narrativas, protagonistas ou coadjuvantes, e geralmente sei quais palavras usar para falar sobre eles. Mas e eles, como será que lembram de mim? E os destinos, o que será que mudou desde a minha passagem?


Qual foi seu último lugar inesquecível? Qual deve ser o próximo?

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Eu amei o texto da edição de sexta passada da news da Amanda Santo:

com verso
a cabra, a criança e o homem nu
uma praia e três personagens vagando entre a morte e a eternidade sonho, pureza, esperança, abandono, fim um caos de palavras porque caos é o que me causa essa fotografia sinistra…
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Se Liga de hoje indica textos de newsletters, então… Luri traduziu um artigo de Gurwinder, intitulado The Perils of Audience Capture. Em tempos de métricas egóicas e destruídoras, vale demais a leitura:

Puxadinho do Luri
Os perigos de ser sequestrado pela sua audiência
Nota: este texto é uma tradução livre do artigo The Perils of Audience Capture, de autoria de Gurwinder. I. O Homem que Devorou a Si Mesmo Em 2016, Nicholas Perry, de 24 anos, queria ser famoso online. Ele começou a enviar vídeos para seu canal do YouTube nos quais perseguia sua paixão — tocar violino — e exaltava as virtudes do veganismo. Ele passou prat…
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Já que citei o Lucão no texto do dia, vou recomendar dois livros dele. O primeiro, de poesias, li este ano e gostei demais.

Poemas para respirar debaixo d’água

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Amores ao Sol

Esse ainda não tive a oportunidade de ler, mas é inspirado na viagem dele pelo Caminho de Santiago.

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A seção Curtinhas de hoje é um oferecimento à quinta série que habita em alguns pelas bandas de Brasília…

E mais…

Ai ai ai, a salsicha escapou… [muyyyyy triste]

O famoso “não é só futebol” [se não mexer com você, procure um cardiologista]

Ladrão que rouba mulher de ladrão tem cem anos de perdão? [um episódio de “azar de milhões”]

Bruno Luperi está entregando tudo! [mais um teste para cardíaco]

Na seção poética de hoje, recomendo assistir essa preciosidade aqui:

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