Há duas semanas, passei perto de um sebo. Esse é o maior erro (ou acerto?) de amantes da leitura.
É que estar ao redor desses lugares é um convite à perdição. Você tem milhares de títulos já à frente, mas, quando isso acontece, parece que aquela lista anterior nunca existiu.
Funciona mais ou menos como um colecionador de álbum de figurinhas que precisa de, sei lá, 10 cromos para completar tudo, e mesmo assim decide gastar outros R$ 50.
Apesar da comparação, os livros possibilitam uma boa diferença: você sabe o que está diante de seus olhos, não há um envelope lacrado com chance alta de figurinha repetida.
Leituras são possibilidades de mergulhos em mundos extremamente diferentes.
Você numa rede esticada numa sacada acessa Paris do século passado.
Você numa espera de aeroporto se conecta com o chão batido do sertão brasileiro.
Você viaja sem precisar comprar qualquer bilhete.
Depois de pagar “o ingresso” de nome livro, as palavras passam a valer muito mais.
Eu agradeço por ter começado a ler cedo. Não era tão voraz quanto agora — nessa arte a gente também vai evoluindo pouco a pouco. Por isso, sempre há tempo para a tentativa de se tornar leitor.
Quem lê, percebe:
que palavras cobrem folhas
molham bocas
grudam em roupas
mordem iscas
incendeiam brasas
alimentam pratos
oxigenam superfícies
significam existência
Ao adentrar um ambiente feito o do sebo, ou o de alguma biblioteca, sonho bastante com o sentido e a força da palavra. E clamo muito para que caminho e potência possam habitar aquilo que escrevo. Até porque costumo preencher vazios com as minhas entranhas.
quando faço verso
abro caixas de ferramentas
tiro tesouras
recorto imperfeições
pego cola
recoloco meu lado imperfeito
em cima da caixa
não posso mais abri-la
para dar função
ao item que farfalha
e principalmente
à tentativa de abridor de manhãs
feito Manoel dizia
A palavra salva minha vida diariamente. Não fosse ela, talvez o sangue teria jorrado do pulso. Talvez o ar teria sido trancado na garganta. Talvez o estômago surtaria com sabe se lá quantos comprimidos.
Quando encontrei a palavra, ressignifiquei sobrevidas à minha história. Agradeço pela existência dela. E pelo bater dela no traçado de quem se alimenta do meu escrever.
componho palavras
nos buracos negros
que encontro
no meu céu
no chão
no caminho
na falta de luz
os vazios me preenchem
e vou acumulando espaços
não siderais
mas espaços
da pior
e da melhor
parte de mim
No sebo, às vezes me questionei internamente.
- Por que não nasci um Hemingway, um Kundera, um Rubem, uma Adélia, uma Clarice, uma Carolina?
Hoje, talvez entendi melhor…
- Porque sou Esdras. Porque minha palavra não é insignificante a partir da existência dos gigantes, ela só é diferente.
O que a minha palavra tem significado a você?
Filmão - Uma escolha despretensiosa de domingo me levou a um dos títulos mais interessantes que assisti neste 2022. ‘Passei por aqui’ é um suspense daqueles que, por vezes, te faz ter vontade de colocar a mão na frente dos olhos e ficar vendo daquele jeitinho por entre os dedos, sabe? Prepara o coração e encha-se de raiva de um ex-juiz dos mais perversos.
Filmão II - Antes que ela venha dizer que eu cito várias referências dela aqui sem crédito, rs, devo confessar: Mariana Maginador, apoiadora especialíssima, ajuda muito com indicações nesta gloriosa news, viu?! Agora vai estar metida ajudando diretamente de The UK, inclusive.
Bom… O segundo filme de hoje é recomendação feita por ela. ‘Capitão Fantástico’ é um título que pode te levar do riso ao choro. Não sei nem em qual gênero se encaixaria direito, mas é fato: você não vai se arrepender.
Nesta seção, vou deixar indicações que, se você decidir adquirir pelo link daqui, pode ser que me ajude com um percentual de afiliado. Isso não quer dizer que a recomendação seja aleatória, só com intenção de receber por isso. Vou indicar apenas o que realmente curti, ou soube que vale a pena por meio de alguém que confio.
Memórias do Escuro - Tiago Maranhão
Faz parte da série ‘Leituras Rápidas’, da Amazon. Curtinho, 30 páginas, com algumas vivências de sua época de repórter da TV Globo. Histórias curiosas, instigantes, pena que o livro acaba num piscar de olhos.
📚 COMPRE AQUI - R$ 5,99 (Kindle)
*valor sujeito a alteração conforme a data de acesso*
CONFIRA OS LIVROS MAIS VENDIDOS DA AMAZON
O mineirês deixa qualquer história boa
A genialidade do Samu das cria
Bieber didididiê para matar a saudade do RIR
Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo (Clarice Lispector - A Hora da Estrela)
Recado
As próximas duas edições da news vão ser um pouco mais curtas, com textos escritos em outros momentos da vida e readaptados aqui. Vou tirar uns dias “off”, uma espécie de mini-férias, já que não faço isso oficialmente desde junho de 2019. Mesmo assim, continue acompanhando, tá certo? :)
Talvez você não imagine, mas produção da news é bem trabalhosa. Entre escrever, organizar, editar, fazer a curadoria de conteúdo e gravar a versão em áudio, tudo pode levar entre 4 e 6 horas de dedicação. Portanto, se você gosta e considera um projeto interessante, te peço uma ajuda especial: um apoio financeiro mensal à news. E sendo ainda mais sincero: no momento, estou sem emprego fixo, então tenho considerado o que produzo aqui como um trabalho mesmo, embora possa parecer unicamente prazer a alguns. Ressalvas feitas. Se você puder contribuir com o financiamento coletivo, qualquer quantia é bem-vinda nesta fase não tão mole da vida.
Se gosta do meu trabalho, você também pode fazer um apoio pontual e único ao projeto, no melhor valor, aquele que cabe no seu orçamento, por meio do pix para esdraspereiratv@gmail.com.
Muito obrigado! ❤️
Gracias por estar aqui comigo! <3
Com base nos critérios de recompensa do financiamento coletivo, meu agradecimento especial a:
Mariana Maginador, Rafael Vieira, Camila Laister Linares, Bruno Rodrigues, Ana Maria Pivetta, Fátima Castanho, Rogeria Portilho, Rubens Pereira, Lucas Pereira, Vitor Cavaller, Welliton Nascimento e Beatriz Souza.
Share this post