Leia a edição anterior: [telas e ode àprodutividade]
Durante todo o mês de março, a news conta com apoio do Espaço Humanamente, de Sorocaba, espalhando a importância de um olhar cuidadoso à saúde mental.
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O texto de hoje é um exercício de escrita terapêutica preparado para uma das muitas sessões do meu atendimento psicológico com a Ana, profissional que me acompanha no Espaço Humanamente. É uma carta para o Esdras do passado, basicamente. Colocá-la aqui é como um versinho que li dia desses: “Será que o meu medo sabe que tenho coragem?”. Boa leitura!
Eu preciso começar essa carta com uma nítida lembrança. Como se tivesse comigo uma cápsula do tempo capaz de retornar a qualquer momento à cena que irei narrar. Ele e você, uma criança no alto de seus 9, 10 anos. Um quarto escuro, talvez com um único fio de luz sendo capaz de iluminar nada mais que um pedaço de espelho à frente. A escuridão, a escassez de claridade traduziam bem os tempos que se acenavam no horizonte.
Aquele ambiente foi o escolhido para comunicar, até meio em tom de certa diversão, que o casal acabaria. E para encerrar o comunicado, uma frase que deve ser típica e não teve nada de exclusividade: “mas nada vai mudar entre nós, o amor por você continua”.
Eu sei que você sentiu o corpo queimar quando viveu aquilo. E sei que sentiu o choro da sua mãe subindo o caminho íngreme da portaria até o apartamento. Era um choro de quem finalmente via algo não desejado ser oficializado. Ninguém casa querendo separar. Ninguém escolhe outra pessoa para formar família pensando não ser o amor da vida.
Mas, diante de tantos choros ao redor, você segurou muitas emoções durante a infância. Tentando ser fortaleza ainda criança, adolescente. Aquela que mataria e morreria por você, o que é recíproco até o fim de tudo, precisava de uma muralha, não importando o tamanho, não importando quão desenvolvido e maturado estivesse.
Quando olho para esse passado, entendo algumas coisas. O fato do seu amadurecimento precoce, urgente, porém necessário. A chuva emocional que viria desabrochar futuramente, quando finalmente sentiu que o seu próprio choro era legalizado. A estrutura para o choro de quem precisava chorar mais esteve disposta em outro momento, até finalmente sentir-se livre para viver a própria sensibilidade.
O seu presente não se arrepende do passado. Tudo aconteceu como precisava acontecer. Tudo que me cabia, me encontrou. Tudo que me cabe, me encontra. Tudo que me caberá, há de me encontrar.
Entre o passado mais distante e o presente mais proeminente, houve muitas histórias. Tenho muito orgulho quando te olho no retrato de cada ano. Tenho orgulho das fases nebulosas às fases gloriosas. Tenho vergonha dos seus erros, mas uma vergonha que logo se traduz em admissão à vida de um não herói. Se tudo que é seu dá um jeito de te encontrar, os erros estão inclusos no pacote, não adianta. E trazem um compilado de reflexões, marcas, cicatrizes. Trazem a vida como ela é, preto no branco…
De lá pra cá, o “nada vai mudar”, mudou. Por necessidades e situações da vida. Aliás, muita coisa mudou. Você, seu entorno, tudo. Tudo muda. As mágoas diminuem, os rompimentos acontecem, embora entenda que ninguém é herói, nem bandido por completo. Somos apenas o que somos.
Tudo é passageiro. Somos faíscas no tempo. Talvez o que não mudou daquela criança em diante é o sorriso. Sempre que possível, ele se abre. É possível que ele esteja mais presente nessa parte da carta. A diferença é que antes o choro não era tão permitido assim, como já expliquei. Hoje, crescido, homem, chorar é provar ao mundo e a você que o filme da vida é cru, seco, rasgado por derrubadas.
Antes, você não tinha alguns recados no próprio corpo. Isso também é parte da evolução criança-adulto. Agora, quando tudo parecer não fazer tanto sentido, mire seu antebraço direito. Ali tem um recado. Ou então, peça ajuda. Por uma questão de impossibilidade flexível, você não vai conseguir ler o próprio pescoço em direção aos ombros. Mas alguém que confia pode cumprir essa missão.
Dias atrás, você se lembrou dos desejos de metamorfosear em figueira, ou quem sabe num pássaro canoro. Isso é prova de que sua capacidade de reflexão também é um aspecto de mudança.
O curioso é que as aves estão sempre presentes nas lições que te entrecortam. Como quando escreveu um texto que sua mãe costuma mencionar, sobre uma certa ave, ainda na adolescência, o que teria sido uma mostra de que a escrita seria a sua maior escolha de arte por aqui.
Há tanto o que incluir numa carta ao passado. Mas, acima de tudo, quero que se encontre cada vez mais com seu presente. Vivendo tudo o que lhe couber, com orgulho de ser o que é, com alegria no que tem se tornado. Tudo que havia de ser perdoado, perdoado está de minha parte, ainda que haja manutenção de alguns rompimentos necessários por um total de tempo que só o destino sabe.
A vida, nos últimos anos, me mostra com cada vez mais intensidade que tudo acontece da maneira que precisa, embora questionemos tanto os porquês.
Estar aqui, perto de colocar um ponto final nessa carta, é saber que ele simplesmente não significa encerramento.
Aqui, os pontos finais são apenas pontos de partida para novos tempos. Obrigado, menino, por ter sobrevivido e me permitido chegar até este lugar.
🧭 Espaço Humanamente
Que tal mergulhar dentro de si e passar a se compreender melhor também? Não é fácil, dói, mas é parte dos processos mais valiosos da nossa existência.
Vidas frenéticas, aceleração constante, busca pelo tão cobiçado sucesso… Tudo isso parece funcionar como guias de uma vida com direções perfeitas, não é mesmo? Mas será que esse ritmo é saudável?
Assim como em vários aspectos, a vida pede equilíbrio. Afinal, saúde mental não se vende por aí depois de perdermos o rumo e a paz. Por isso, o Espaço Humanamente está sempre de portas abertas para quem deseja alcançar caminhos mais equilibrados e menos sobrecarregados.
Aliás, se pensa que terapia não é para você por motivos financeiros, muita calma nessa hora. Tudo é válido com uma boa conversa preliminar, principalmente porque o Humanamente tem um projeto de clínica social, com valores mais acessíveis. Antes de fazer um contato, ouça o que as psicólogas Carol Fonseca e Valéria Garcia tem a dizer nesta edição:
#ParaVer 📺 🎬
Tiago Santinelli é o humorista mais inteligente do País atualmente — ao menos é o que acredito. Neste vídeo, ele arrebenta, mais uma vez. Só veja!
#NewsIndicaNews 📑
É preciosa essa edição da
, da Fabiane Guimarães. A última frase, então, é digna de marca-texto:“Se escrever é a sua maldição, a hora chega. Mas, se você está nessa pelos likes, recomendo mesmo desistir.”
Realidades manobrownianas:
E mais…
Uma dupla dançante
Se a moda pega… (e que pegue mesmo!)
Dona Iolanda tem meu coração todo
Da série mães incríveis
E pais incríveis também…
Segredinhos cabulosos:
Já sabe como termina, né? 🎵🎙️
Mais uma news que se vai…
Com base nos critérios de recompensa do financiamento coletivo mensal, meu agradecimento especial a:
Mariana Maginador, Rafael Vieira, Camila Laister Linares, Bruno Rodrigues, Carol Magnani, Adelane Rodrigues, Rogeria Portilho, Lucas Pereira, Welliton Nascimento e Beatriz Souza.
Um pedido repetido: independentemente de religião/crenças, peço que envie boas energias para o lado de cá. Precisamos! 🙏
Até semana que vem! 😘
Chegando atrasada, como de costume, mas mandando boas energias. Seja o que for, está nas mãos de um Ser Superior que vai suprir suas necessidades ♥