Leia a edição anterior: [tretas do ego]
Agradecimento especial, mais uma vez, ao Espaço Humanamente, de Sorocaba, que apoiou todas as edições de março. Por meio do trabalho sério, de muita responsabilidade, o time de profissionais mantém um olhar cuidadoso e fundamental à saúde mental.
Se perdeu alguma delas, não se preocupe:
Antes do texto do dia, minha sincera solidariedade às famílias das crianças da creche em Blumenau e também às vítimas do ataque recente em São Paulo, duas tragédias em sequência que devastam, angustiam e mostram a face de horror extremamente legitimado de 2019 a 2022 no País. Dias dificílimos, em que dói ver os rumos do Brasil.
Assistir ‘Já Era Hora’, filme italiano disponível na Netflix, significou aqueles momentos em que parecemos ser atravessados por uma lança do pensar. Basicamente, sem grandes spoilers, o longa traz a história de Dante, um workaholic que vê a vida seguir o curso como se um ano pudesse passar em uma noite.
O italiano, de repente, percebe que vários acontecimentos são uma grande surpresa. É uma espécie de representação, no meu entender, de que ele leva uma vida tão frenética que mal se dá conta do avançar dos dias. Curiosamente, essa “virada” acontece sempre nos aniversários de Dante, algo bastante simbólico.
Nessa aceleração toda, o italiano é surpreendido com a mulher amada grávida, com as primeiras palavras da filha, com separações malucas etc. Como se seus olhos não tivessem sido capazes de captar a passagem do tempo. O filme soou, a meu ver, como um ‘Click’, só que mais profundo.
Acompanhar produções como essa me fazem relembrar o quanto amo refletir sobre o tempo. E, acima de tudo, recordar que as reflexões a respeito dele são verdadeiros materiais inesgotáveis aos nossos cérebros pensantes. Há tantas perspectivas além da mera matemática das horas, minutos e segundos, afinal…
Via de regra, momentos felizes parecem ser os mais efêmeros, enquanto as tristezas aparentemente se desenham como eternidades.
“Por que esse fim de semana acabou tão rápido?”, nos perguntamos.
“Por que demora tanto para ver a pessoa amada?”, nos questionamos também.
“Por que o frescor desse sorvete gostoso durou tão pouco na boca?”, seguimos.
“Por que sentimos uma dor inexplicável quando sabemos que alguém se vai ‘para sempre’?”, rasgamo-nos.
Há milhões de perguntas possíveis sobre a vida e, portanto, sobre o tempo.
E o longa que recomendo me trouxe um outro aspecto, carregado de nostalgia.
Em um dos diálogos de Dante com seu pai, enfermo, este tem devaneios e cria uma história como se estivesse no auge da juventude, mergulhado na paixão. Até que, nessa criação bem cheia de simplicidade, com direito a dividir sanduíche em dois (uma epopeia de apaixonados) ele chega à conclusão que acabara de viver “o melhor dia da vida”.
Fiquei pensando muito sobre isso depois. Tenho a impressão que, desde que “me tornei adulto”, nunca mais tive a força e empolgação de dizer: “HOJE FOI O MELHOR DIA DA MINHA VIDA”. E, quando criança, isso acontecia com grande frequência.
Bastava um aniversário de alguém. Bastava se sujar de areia. Bastava um futebol valendo tubaína. Bastava uma tarde com amigos na escola. Bastava um bolo de cenoura da mãe. Bastava uma paixão correspondida de infância.
Aí crescemos e, diante de tantas responsabilidades, parece que os únicos melhores dias da vida só podem ser configurados a partir de situações/momentos inesquecíveis e, convenhamos, bastante inalcançáveis por diversas vezes.
“Ai, não tenho dinheiro para a viagem dos meus sonhos”
"Ai, meu emprego é horrível”
"Ai, meu amigo é melhor sucedido que eu”
"Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai”
Viramos um poço de lamentações e pessimismo. E calma, porque não quero ser good vibes aqui, não. É justo reclamar. Mas o meu ponto é uma tentativa de enxergarmos a beleza do simples e do atingível. Praticar mais o conceito de “a beleza está nos olhos de quem vê”, sabe?
Eu gostaria de encher o peito novamente para sentir no coração essa chama de “melhores dias da vida” — ou então, que seja sendo atravessado por pedacinhos de melhores momentos, o que pode ser mais palpável.
Feito quando o sol preenche meu corpo sem camiseta e traz paz. Quando gosto de um poema recém-escrito. Quando a vó faz arroz com frango. Quando a namorada compra carolina. Quando vejo o sorriso da mãe conhecendo um esporte novo. Quando sei que tenho grandes amigos e torcedores do meu bem. Quando a vida se apresenta como amiga da nossa felicidade.
Peço vida longa aos melhores dias de nossas vidas. Peço mais atenção para que consigamos enxergá-los.
Dos criadores de reclames do Plim Plim…
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Diante do que aconteceu na vida nos últimos dias, esse vídeo veio muito a calhar. Acredito que fará sentido à maioria que acompanha a news. Aliás, estar “condenado a ser livre” não sairá da minha cabeça nunca mais. Sartre, Sartre…
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Essa edição de
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E mais…
Nostalgia que fala
Esse vídeo é ouro puro
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Papo reto:
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Já sabe como termina, né? 🎵🎙️
Aviso as navegantes: estou de mudança de cidade por pelo menos três meses. A próxima semana, portanto, será cheia de novidades. A princípio, vou proporcionar um “respiro” a este que vos escreve para assimilar a nova fase. Volto com a news assim que possível, prometo. Obrigado por tanto! <3
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Até semana que vem! 😘
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E por sua indicação, já assisti o filme também ✨️
Uma das minhas edições preferidas da news, seo Esdras!