Leia a edição anterior: [excessos viram fardos]
Resolvi resgatar esse texto escrito em um momento de grande necessidade. Ele reverberou forte em algumas pessoas, além, claro, de ecoar profundamente em mim. Espero que te atravesse de alguma forma…

Em algum lugar bem distante da dor que você tem vivido, há alguém que acabou de receber a notícia mais dolorida da vida. Alguém que jamais esperara pelo "pi-pi-pi" que se tornaria "piiiiiiiiiiiii".
Em algum canto desse mundo, há também alguém que pula, dança, corre e canta na chuva, com a sensação de alma sendo lavada. Como se a melodia da água dissesse que a vida recomeça naquele instante.
Em algum descampado bem longe, há alguém que, nesta noite, vai olhar o céu com poucas nuvens e muitas estrelas. E vai se lembrar de como era bom deitar na grama o observando quando criança, sem tantas responsabilidades.
Em certo ponto da sua cidade, há alguém que opta pelo álcool como fuga da realidade, e vê o queimar dentro de cada gole, como alternativa à vida que parece não ter mais qualquer luz.
Ali, não tão longe, há alguém que acaba de ter um bebê em seus braços, como resposta da tão pedida renovação de vida.
Meio perto, há alguém que acaba desistir de amar.
Perto, há alguém que tropeçou e jurou que a queda seria digna do maior choro da vida -- pequeninos merecem essa licença, pois mal sabem o que os espera.
Pertinho, há alguém que acaba de ser demitido e sente um caminhão às costas, como se recebesse a pior de todas as notícias.
Pertíssimo, há alguém que desistiu de ser um morto-vivo. Há alguém que escolheu a própria morte. E alguém que escolheu a própria vida.
Em um quarto cuja luz entra pela beiradinha e escancara alguns pelos loirinhos em pernas tatuadas, há alguém que escolheu se reconectar com as palavras.
Em todos os lugares, há histórias que se conectam. E se desconectam. Relações que surgem, relações que se encerram.
Há paixões que chegam, há amores que se vão. Há paixões que acabam, amores que abrem portas.
Em todos os cantos, há poesia em forma de vida. Há destinos alegres circundados por melancolia. Há fragmentos que não definem integralidades. Há acertos. Há tropeços. Há recomeços.
Quantas palavras cabem em tantas vidas desenhadas dentro de uma vida só?
Quanta singeleza cabe em tantas histórias?
Quanta fé cabe daqui pra frente?
Quanta vida há pra ser vivida?
Vivendo, encontraremos algumas respostas. outras, virão com nome de saudade.
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Até logo! 😘
eu ando em falta com as leituras on-line. tenho deixado pra depois os textos dos amigos, as newsletters se acumulam. que bom que parei pra ler esta.
Que texto lindo, Esdras! Eu ainda não tinha lido em nenhum outro lugar (ou se li, não lembro, rs). Obrigada por compartilhar, fez bem pra mim <3