Leia a edição anterior: [atenção]

Fui agraciado com uma leitura forte neste agosto de Deus. Aliás, ô mês certeiro para bons livros, viu — só agradece, como diria o outro.
A edição de hoje é baseada no vídeo (assista, se preferir) com uma resenha-reflexão que joguei em algumas redes depois de ler Biblioteca da Meia Noite, de Matt Haig. Não é nem um pouco à toa a obra ser um best-seller do The New York Times.
O livro, basicamente, conta a história de Nora Seed, uma jovem inglesa extremamente insatisfeita com os rumos da própria vida, a ponto de chegar no insuportável sentimento de querer acabar com tudo.
No enredo, quando ela decide tomar um monte de remédios pra encerrar sua passagem, algo acontece: no intervalo entre a vida e a morte, existe a tal biblioteca.
Lá, a jovem encontra um Livro dos Arrependimentos, com infinitas de suas lamentações. E, guiada pela bibliotecária dos seus tempos de escola, senhora Elm, Nora descobre que os milhares de títulos espalhados pelas estantes são vidas que ela poderia ter vivido a partir de suas escolhas.
No privilégio da Biblioteca da Meia Noite, a inglesa tem a oportunidade de viver essas outras vidas. Então, a protagonista vivencia como teria sido sua carreira de astro do rock, de nadadora multicampeã olímpica, de glaciologista, de professora de filosofia, entre outras possibilidades. E a cada vez que algo dessa vida paralela não corre como o esperado, ela retorna à “casa dos livros”.
Depois de muitos retornos, uma de suas histórias parece fazer sentido: tem um marido incrível, uma linda filha, uma carreira interessante… Ao que tudo indica é a vida mais equilibrada. Mesmo assim, ela é transportada novamente à biblioteca. Reclama com a sra. Elm que era a melhor até agora, mas a guia responde que nem tudo é como queremos, que não somos capazes de enxergar muitas das respostas por aqui.
Nora reflete e, entre tantas lições, chega à conclusão que a melhor vida era, na verdade, aquela que decidiu dar cabo. Só que agora tem uma missão: voltar a ela. Pra isso, precisa encontrar um livro em branco, orientada pela sra. Elm e recomeçar a partir de uma “frase-passaporte”.
Tenta várias. Mesmo.
Até finalmente chegar à resposta mais simples e verdadeira:
— Eu estou viva —, escreve.
Dali em diante, recebe uma nova oportunidade.
Biblioteca da Meia Noite também me fez refletir. Quantas vidas diferentes me pego pensando que gostaria de ter? Quanto lamento pelo que não sou? Quanto reclamo pelo que não tenho? Você por aí, acredito que não seja diferente em muitas ocasiões — aliás, até escrevi algo nessa linha na última edição de julho.
Mas, no fim das contas, quantas vezes nos olhamos no espelho, respiramos fundo e agradecemos por tudo que já construímos em meio às nossas imperfeições?
Hoje é uma chance de fazer um agradecimento especial e genuíno, inspirado em Nora:
— Acordei mais um dia. É mais uma chance. Eu estou vivo.
Ouça essa entrevista rara de Clarice:
E esse episódio incrível do Rádio Novelo Apresenta:
Recomendações de leitura de newsletters hoje:
- Parabéns fofo
- Simplicidade é vida
- Um menino maravilhoso, uma joia brasileira
- Uow
“Se é difícil carregar a solidão, mais difícil ainda é carregar uma companhia.” (Lygia Fagundes Telles)
Recado importante…
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Honestidade no ar: estou, como em outros momentos dessa vida profissional complicadinha, numa fase de vacas magras em relação a trabalho formal…
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Aquela despedida ao som de um som… 🎵🎙️
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