#62 - Vida Vivida [Beatles: o primeiro show]
E se a banda tivesse ficado pelo caminho? Não aos cenários ideais; sim à continuidade do que vale a pena
Entre as tantas tretas do nosso cotidiano, tenho algumas preferências claras de temas pra escrever. O fenômeno de comparação, alavancado à enésima potência pelas redes sociais, tem estado muito presente nos meus textos há alguns anos.
Por mais forte que consigamos bater nessa tecla, sei bem a dificuldade de treinar nosso maior herói-bandido. Cérebros podem ser muito parceiros, é verdade, mas quem disse que também não jogam contra? Precisamos fortalecer muito, MUITO mesmo nossa mente pra não deixar que ela se torne uma inimiga ardilosa.
Quantos projetos e sonhos abandonamos por transformarmos possíveis inspirações em sentimentos ruins? Na maioria das vezes, somos nós os responsáveis por estabelecer uma derrota prévia. Um W.O antes mesmo de a partida começar porque, afinal, de que adianta começar/correr atrás de algo se a vida parece jogar tão contra?
Aqui vale pontuar: longe de mim querer levantar papo de coach, mas eventualmente gosto de olhar pra histórias prósperas e, ao dissecá-las, saber que é praticamente utópico querer que tudo seja incrível desde a primeira semente.
Dito isso, você sabe qual foi o primeiro público numa apresentação dos Beatles, em 1961?
18 pessoas.
“Em conversa de 2016 com a Mashable, o produtor Sam Leach disse: ‘Muitas vezes me pergunto o que acontece quando esses jovens agora falam sobre a noite em que os Beatles chegaram a Aldershot e quase ninguém apareceu para vê-los. Eu posso apenas ouvir isso’: ‘Oh, lá estávamos nós, todos os 18, assistindo os Beatles no palco ... e eles fizeram um bis'”. (trecho de reportagem da Rolling Stones, publicada em 2020)
Já pensou se esse primeiro cenário, milhas e milhas distante do ideal, tivesse influenciado uma desistência desses artistas? Uma das bandas mais icônicas da história teria ficado pelo caminho.
O interessante desses exemplos é que eles podem nos provocar a olhar mais atentamente às nossas próprias vivências.
Minha news começou em maio do ano passado. Até hoje não tenho todas as certezas sobre o futuro desse projeto (por que queremos controlar tudo, Jesus?!).
A essência talvez seja a mesma desde a primeira edição, mas muito já mudou: desde os estilos de conteúdo, formato, periodicidade, tentativas de monetização, entre tantas outras coisas. Tem sido, verdadeiramente, aquela história de ir trocando os pneus com o carro em movimento.
Já pensei em abandonar? Algumas vezes, confesso. E sabe por que, geralmente? Por considerar que não tenho o cenário ideal, com as melhores estratégias/planos. Ou então justamente por olhar muitas “newsletters Beatles” por aí sem refletir que elas também já “tocaram” pra 18 pessoas antes de chegarem às cabeças.
Na pesquisa que fiz recentemente, aliás, recebi alguns sinais de que não ter desistido é importante a várias pessoas que me acompanham nessa jornada. Ao menos, algumas das respostas sobre o que ela representa indicam isso:
E, acima de tudo, preciso reconhecer o fato de que é uma conquista pessoal continuar investindo nesse projeto, sabe…
Também devo me lembrar: de uns tempos pra cá, quando a chama da desistência surge querendo apitar ordens, na maioria das vezes, tem relação com pensamentos do capitalismo ingrato.
“Será que vale a pena me dedicar tanto pra levar as melhores edições possíveis sem monetizar tanto assim?”
Só que pensar dessa forma é até injusto com quem já resolveu contribuir financeiramente com esse trabalho aqui. Até porque, de início, a intenção nem era ganhar dinheiro com a news.
“Quando comecei, tinha alguns objetivos bem claros na mente:
- Usar as edições como um desafogo de sentimentos;
- Me conhecer melhor mergulhando em mares visíveis ou invisíveis, bravos ou tomados por calmaria, construídos pelas palavras que me compõem;
- Se possível, transformar vidas — mesmo que minimamente — a partir das minhas reflexões, provocações, escritos.” (trecho de uma edição de maio deste ano)
No momento em que escrevi isso e vinha pensando se valia a pena seguir com o projeto, a Ana, minha psicóloga, até comentou: “Qual era a sua intenção? Você tá cumprindo com ela, não tá?”
Além disso, há mais motivos pra comemorar. Vida Vivida já é fora da curva, senhoras e senhores.
Repito: não sei o que será do projeto a médio/longo prazo. Vai virar uma excelente fonte de renda? Servirá pra continuar pagando alguns poucos boletos? Seguirá, prioritariamente, como um desafogo?
Não sei, só o tempo dirá.
E talvez o caminho mais adequado seja encarar o processo de modo natural, como bem refletiu
em entrevista ao próprio Substack:“Apenas escreva conteúdos interessantes.
Eu prometo: as pessoas vão te pagar por isso.”
Quando não temos todas as respostas, o que é bem comum, o melhor a se fazer é tocar em frente, equilibrando com carinho esses nossos pratinhos de incertezas.
“Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso.
Preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso (…)
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?” (Paulo Leminski)
E, pra resumir tudo isso, ainda dá pra seguir com ritmo e canção. Então…
Let it be.
Uma das minhas preferidas vem aí no final…
🎧 existo - Fabio Turci
Descobri essa semana esse projeto do Turci, jornalista que saiu há alguns meses da Globo, mas não parou de contar boas histórias. Essa do Leonardo é emocionante. Prepare o coração.
🎬 Brastemp tá demais
Há algumas semanas, a Brastemp veiculou um comercial lindo no intervalo do Fantástico. Narração de Selton Mello, narrativa sobre o significado afetivo das portas de geladeira. Coisa linda, juro. Aplausos ao time por trás desse fortalecimento da marca. E o legal é que eles vêm mirando públicos de várias gerações, como dá pra ver nessa outra peça acima.
🇾🇪 São Paulo é sentimento
💔 Walewska: perdemos todos
🥺 Força, guerreira
🥳 Bruno Mars de Madureira: maior fofura do dia
🤐 Verdade dura e crua sobre marmitas
Se quiser e puder fortalecer o projeto… 💰
Não tenha dúvida: as edições aqui dão bastante trabalho pra fazer! Entre pesquisa, escrita, edição e revisão, são pelo menos três horas de dedicação. O pensamento é simples: sempre busco tornar a entrega mais agradável e valiosa a você.
Então, se minhas palavras e esse meu trabalho também merecerem seu reconhecimento financeiro, aqui vamos nós:
Caso queira mais rapidez e um incentivo pontual, também pode me fortalecer, no melhor valor ao seu bolso, por meio de pix para esdraspereiratv@gmail.com.
Antes, por aqui: [ao redor]
Se perdeu alguma outra edição, não se preocupe:
Aquela despedida ao som de um som… 🎵🎙️
Com base nos critérios de recompensa do financiamento coletivo mensal, meu muito obrigado a:
Mariana Maginador, Rafael Vieira, Camila Laister Linares, Bruno Rodrigues, Carol Magnani, Adelane Rodrigues, Rogeria Portilho, Lucas Pereira e Beatriz Souza.
Até logo! 😘
Acho o máximo eu ter curtido tanto essa edição mesmo não gostando de Beatles hahahaha
Meus parabéns e, por favor, não pare de nos inspirar! 🥺
Te juro que cada edição fica na mente a semana toda como uma reflexão a se trabalhar para a vida. ❤️